APARELHO REPRODUTOR FEMININO DAS AVES
FUNÇÃO E TEMPO DE FORMAÇÃO DO OVO
INFUNDÍBULO - Recepção do óvulo e fertilização - 15 minutos
MAGNO - Secreção de albumina - 3 horas
ISTMO - Secreção de membrana interna e externa da casca - 1 hora e 30 minutos
ÚTERO - Produção da casca - 20 horas
VAGINA E CLOACA - Transporte do ovo - 1 minuto
Foto: útero de galinha doméstica com presença de ovo formado no útero e várias gemas no ovário
Segundo Bahr e Johnson (1991) a regressão do oviduto direito é determinada pelo AMH (Hormônio Anti Molleriano) secretado pelo ovário e a maior riqueza de receptores para estrogênio no lado esquerdo suprime o efeito do AMH e permite o seu desenvolvimento.
O termo oviduto da ave deve ser entendido como a parte tubular que liga o ovário à cloaca, incluindo o infundíbulo, o magno, o istmo, o útero (ou glândula da casca) e a vagina.
OVÁRIO ESQUERDO
O ovário apresenta função celular e endócrina. Está firmemente aderido à parede corporal dorsal, colocado intimamente no pólo anterior do rim esquerdo.
O tamanho do ovário depende do estado funcional e tem normalmente cor amarelada com matizes rosados, forma arredondada e poligonal e apresenta-se lobulado e friável. Apresentam-se folículos com ovócitos. Os folículos sofrem influências do FSH e se desenvolvem produzindo estrogênnio e androgênio.
A ovogônia se desenvolve e o seu citoplasma torna-se rico em um vitelo amarelo (gema).
Uma vesícula germinativa encontra-se no interior da gema e sofre migração para a superfície quando então se aplaina e forma o disco germinativo.
Concluída a maturação do oócito, ocorre ovulação.
Os ovócitos das aves são os maiores do reino animal. Chega a 20 gramas na galinha (cerca de 40mm de diâmetro), sendo o record da Ave Elefante de Madagascar cujo ovo era de 37,5cm e volume total de 7,5 litros.
Embora a função hormonal não esteja bem esclarecida, sabe-se que os esteróides gonadais (estrogênio - progesterona - androgênios) são essenciais para o desenvolvimento e funcionamento do sistema reprodutivo das aves, além de outros hormônios não esteróides (catecolaminas - prostaglandinas, ativador do plasminogênio e inibina).
ESTROGÊNIO - síntese da gema pelo fígado, mobilização de cálcio ósseo para formação da casca do ovo. Principalmente produzido pelos folículos pequenos e pelos folículos pré-ovulatórios.
PROGESTERONA - secreção do albume e indução à onda de LH. Produzidos pelos folículos pré-ovulatórios.
ANDROGÊNIOS - características sexuais secundárias. Produzidos pelos folículos pré-ovulatórios.
Diferentemente dos mamíferos, a camada da granulosa é a fonte primária de produção de progesterona e pequena quantidade de androgênio, enquanto a teca produz androgênios e estradiol - 17 Beta.
OVULAÇÃO
Não se sabe ao certo se o estímulo desencadeante é hormonal ou neural, todavia sabe-se que a ovulação ocorre aproximadamente 6 horas após a onda de LH e cerca de 30 minutos (15 a 75 minutos) após a postura.
Normalmente a ovulação ocorre por rompimento do estigma (local menos vascularizado) sem qualquer sangramento e no local do folículo rompido não existe formação de corpo lúteo, como nos mamíferos. Ocorre a formação de uma alça de feedback positivo entre a produção de progesterona e LH que leva a um pico hormonal culminando na ovulação.
À medida que o folículo amadurece ocorre diminuição na produção de androgênio e estradiol - 17 Beta pela teca, e isto parece permitir que a granulosa sintetize quantidades frequentes de progesterona necessários para disparar a onda de LH e a ovulação.
FECUNDAÇÃO
É normal a ocorrência de polispermia com entrada de 2 ou 3 espermatozóides que formam pró-núcleos masculinos. Um dele se unirá com o pró-núcleo feminino e iniciará o desenvolvimento embrionário, e os demais sofrem a degeneração.
OVIPOSIÇÃO
Aproximadamente de 24 a 26 horas após a ovulação, o ovo já está formado no oviduto e a postura ocorre por contrações da parte do útero. A literatura tem demonstrado que essas contrações são determinadas pelas Prostaglandinas das séries E e F (PGF2-Alfa, PGE 1, PGE 2) além de hormônios hipotalâmico tais como a arginina-vasotocina. Também se observa que injeções de arginina-vasopressina e ocitocina desencadeiam contrações uterinas e postura subsequente. *O que "dispara" a postura quando o ovo está pronto para ser posto, é ainda desconhecido.
As aves de modo geral tendem a realizar a postura de um ou vários ovos, para então incubá-los. A domesticação das aves, entretanto, exerceu uma influência notável sobre este aspecto de forma que hoje se dispõe de galinhas "poedeiras" que não apresentam o "choco".
CICLO DE POSTURA - Número de dias em que a ave realiza a postura em relação àqueles que não faz. Pode ser regular ou irregular.
*Irregular - quando a galinha põe durante alguns dias seguidos, descansa um intervalo de tempo e retorna à postura.
TAXA DE POSTURA - Número de ovos produzidos durante um período de tempo determinado.
CHOCO
O choco das aves domésticas é caracterizado por alterações hormonais e comportamentais provavelmente determinado pela redução da fotossensibilidade hipotalâmica.
Mudanças hormonais
- Aumento da Prolactina (relacionado com o hábito de deitar sobre os ovos)
- Aumento da Tiroxina (relacionado com o crescimento de novas penas)
- Redução da Progesterona e provavelmente do LH
Mudanças de comportamento
- Cessação da postura e maior permanência no ninho
Mudanças anato-fisiológicas
- Regressão do ovário e trato genital
- Diminuição do peso do fígado
- Anorexia
- Hiperemia
FORMAÇÃO DO OVO NA GALINHA DOMÉSTICA
O oviduto esquerdo das aves mede cerca de 70 cm e se apresenta como um tubo convoluto de parede espessa, mucosa composta por vários tipos celulares (ciliadas, glandulares, uni ou multinucleadas), mucosa extremamente pregueada, ligando a cloaca à proximidade do ovário.
O ovo inicia a sua formação no ovário e vai se completando à medida que caminha nos diferentes compartimentos do oviduto. Aproximadamente 25 a 26 horas são necessários entre a liberação do oócito e a expulsão do ovo completo.
A produção anual de uma galinha doméstica gira em torno de 265 ovos de peso 58g. Esta produção estará na dependência de uma boa alimentação e de um plano de luz adequado.
A média de produção total de ovos durante toda a vida é variável, e pode chegar até 500 ovos na vida reprodutiva de uma galinha. Atualmente o tempo de manutenção de uma ave de produção em uma criação é de 52 semanas.
OVÁRIO
No ovário ocorre a formação da gema através da incorporação ao citoplasma do oócito de matéria prima, tais como: sais minerais, proteínas e lipídios. Estes últimos são oriundos do metabolismo hepático, e incorporados ao oócito através das células da granulosa.
A gema se forma em 3 fases distintas:
- Fase embrionária - até o décimo quarto dia de incubação a ave já está com o ovário completamente formado e chega ao nascimento com uma população de oócitos em torno de 4.000.
- Da fase embrionária de 8-10 dias antes da ovulação - é a fase de crescimento lento, onde as substâncias são incorporadas de forma lenta à gema.
- De 8-10 dias antes da ovulação até a ovulação ocorrida - é a fase de crescimento rápido onde ocorre aumento da gema na ordem de 0,5 a 2,8g/dia.
Apresenta uma mucosa pouco pregueada de epitélio simples, cilíndrico e caliciforme. É aglandular, exceto nas regiões posteriores, onde há transição gradual para o magno. Consiste de uma estrutura tubular de 4 a 10 cm, de parede fina, com região cônica, seguindo-se por outra tubular com pregas em espiral suave, sendo percorrido pelo ovo em formação em cerca de 15 minutos. É o ponto onde o espermatozóide penetra o ovo, pois após essa fase, a formação da albumina impede a fecundação.
FUNÇÕES:
- Captar o oócito
- Servir de sede para a fecundação
- Lubrificar a mucosa para a passagem do ovo
- Formar a camada calazífera ou calazas (proteínas mucinas retorcidas que mantêm a gema no centro do ovo
As calazas correspondem a dois espessamentos da clara retorcidos no sentido horário, compostas por albumina e deve sua origem a separação da mucina da capa interna da clara. Ela tem a função de manter a gema suspensa protegendo das influências mecânicas.
Também chamada de glândula albuminífera. A mucosa é muito pregueada e provida de epitélio estratificado com células caliciformes e cilíndricas ciliadas e glândulas tubulosas. Consiste de estrutura tubular, de parede mais espessa, com 20 a 48 cm de comprimento (é a parte mais longa), rico em glândulas tubulares dentro das pregas longitudinais da mucosa. O ovo em formação percorre o magno em cerca de 3 horas.
FUNÇÕES:
- Formação da base do albume (+/- 16g)
- Adição de mucina
- Adição da maior parte do Na (sódio) + Ca (cálcio) ++ Mg (magnésio)
Acredita-se que a formação do albume esteja sob controle hormonal (hormônio estrogênicos, androgênicos e progesterônicos), mecânico e nervoso fazendo com que as células glandulares do magno secretem e depositem os extratos sobre a gema que no seu trajeto gira sobre seu eixo. A estimulação mecânica direta foi evidenciada experimentalmente, quando um objeto estranho na luz do órgão foi suficiente para estimular a secreção do albume.
O albume tem cerca de 30 proteínas diferentes entre elas: ovalbumina (54%) ovotransferrina (13%) ovomucóide (11%) lisozima (4%) além de globulina e a avidina (a ovalbumina contém todos os aminoácidos essenciais, a lisozima tem ação enzimática e a avidina liga-se a biotina). Alguns autores sugerem que algumas proteínas do albume apresentam atividade bactericida.
O ovo apresenta a gema em posição central e uma clara dividida em 4 capas distintas:
- Densa interna - A primeira unida à gema (3%)
- Fluida interna - (21%)
- Densa externa - (55%)
- Fluida externa - (21%)
Secreta as membranas fibrosas e queratinosa da casca do ovo (membrana testácea). Adiciona proteínas ao albume e uma pequena quantidade de água. Apresenta um menor número de glândulas, luz estreita e mucosa com pequenas pregas.
Apresenta luz estreita e mucosa com pregas menores com menor número de glândulas. Tem comprimento de 4 a 12 cm, parede muito grossa, com pregas longitudinais e diâmetro reduzido. O ovo em formação percorre o istmo em cerca de 1 hora e 15 minutos. Secreta as membranas fibrosa e queratinosa que compõe a membrana testácea.
FUNÇÕES:
- Formação da Membrana Testácea (membrana da casca do ovo constituída por ovoqueratina)
- Adição de proteínas ao albume
- Adição de uma pequena quantidade de água
Provido de partes da clara e das calazas, o ovo chega ao istmo donde se produz uma secreção filamentosa que coagula com rapidez. Esta contém uma grande quantidade de gluconato de cálcio e forma a membrana testácea, composta de dois folhetos que cobrem a clara e separadas no pólo maior do ovo formando uma câmara aérea.
Apresenta parede, sendo mais fina que a do istmo, mas apresenta-se com forte musculatura, pregas longitudinais e transversais e glândulas tubulosas. Tem 4-12 cm de comprimento, todavia, é uma região expandida em forma de saco. O ovo em formação permanece cerca de 20 horas neste compartimento.
FUNÇÕES:
- Adição de grande quantidade de água (chega a dobrar de peso)
- Adição de vitaminas da maior parte do K+
- Formação de uma matriz orgânica seguida de deposição de íons Ca++ formando a casca
- Secreção de porfirinas que irão dar cor ao ovo
- Formação da cutícula do ovo
COMPOSIÇÃO DA CASCA
- 94% de Carbonato de Cálcio (CaCO 3)
- 1,4% de Carbonato de Magnésio (MgCO 3)
- 3% de Clicoproteínas, mucoproteínas, colágeno e mucopolissacarídeos
Segundo Hoffman e Volker (1969), no útero se forma a casca calcária em 5-6 horas. A mucosa do útero secreta uma massa turva, viscosa e impregnada de partículas "calizas". Esta massa se solidifica e consta de uma armação de substâncias orgânicas e inorgânicas. Na formação da casca estão envolvidos os estrógenos e hormônios tireoideanos.
O Ca++ pode ser manejado e remanejado no organismo da fêmea pela ação dos estrogênios e dos hormônios tireoideanos. Os estrogênios também favorecem o depósito de mproteínas. A cor é um atributo genético, e os pigmentos da casca são as porfirinas.
Quanto mais velha a ave, mais delgada será a casca do ovo.
Complicações que possam levar a um problema no equilíbrio ácido-base do sangue, podem gerar fraqueza na casca do ovo, tendo em vista a necessidade de íons bicarbonato na formação do ovo.
O útero além de formar a casca, tem a função de regular o conteúdo salino (sal) e aquoso (água) do ovo, assim como dotá-lo de pigmentos, embora seja sabido que estes pigmentos não tem origem no útero. A casca é protegida externamente por uma cutícula especial de natureza mucosa que seca rapidamente e confere ao ovo um certo brilho. Esta cutícula fecha os poros da casca (em torno de 7.600 poros). A secagem da cutícula é visível e dá a falsa impressão de endurecimento instantâneo da casca.
O formato do ovo, é o formato da luz uterina, mas podem surgir irregularidades ou deformações.
Tem comprimento de 4 a 12 cm, apresenta pregas longitudinais onde se deposita a maior parte dos espermatozóides após a cópula. É separada do útero pelo esfincter uterovaginal. Abriga as glândulas tubulares. O ovo neste nível está praticamente formado e percorre este segmento em poucos segundos.
FUNÇÕES:
- Transporte do ovo para o meio externo
- Retenção dos espermatozóides para futuras fecundações
*Os espermatozóides permanecem viáveis na galinha por 10 a 14 dias, enquanto que nas peruas, por cerca de 50 dias.
É um extremo dilatável e o ovo apenas estabelece contato com as paredes, pois a vagina se prolapsa no momento da postura evitando o contato do ovo com as dejeções. Este segmento não contribui em nada para a formação do ovo.
COR DA GEMA
- Devido a presença de pigmentos que se originam da alimentação (xantofilas, luteína, zeaxantina e carotina)
COR DA CASCA
- A cor da casca é um atributo genético e podem ser observados as cores branca, vários tons de marrom, rosa, verde e azul.
- As linhagens de posturas comerciais obtidas a partir de Leghorn produzem ovos de casca branca e as derivadas de Rhode Island Red, New Hampshire e Plimouth Rock produzem ovos de casca marrom.
- Segundo Solomon (1997) os pigmentos da casca são descritos como porfirinas da casca ou ovoporifirinas e são compostos cíclicos formados por anéis pirrólicos. A maioria dos ovos com pigmento marrom ou preto contém protoporfirina e a extração química da cor das cascas dos ovos azuis e verdes mostrou presença de biliverdina e um quelato de Zinco biliverdina. Segundo este autor a origem desses pigmentos, não é conhecida, todavia parecem ter origem nas células do útero.
- Segundo Burk (1996) nas aves que põem ovos uniformemente coloridos (castanhos, azuis ou verdes) estes são corados por pigmentos derivados dos eritrócitos (porfirinas) principalmente concentradas nas camadas superficiais da casca. Já os ovos manchados ou salpicados contém pigmentos concentrados na camada cuticular, e estes tem origem também dos eritrócitos.
CALORIAS DO OVO
BIBLIOGRAFIA
BAHR, J.M e JOHNSON, P.A. Reproduction in poltry
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