OPILIÃO MACHO CUIDANDO DOS OVOS | PARA ESSA ESPÉCIE CUIDAR DOS OVOS É TAMBÉM UMA FORMA DE SE PROTEGER DE PREDADORES
Foto: Gustavo Requena
Ficar no ninho protegendo os ovos, enquanto a fêmea sai não é nenhum problema para os opiliões da espécie Iporangaia pustulosa.
Na verdade esta é uma estratégia para fugir de predadores, e atair outras fêmeas para o ninho.
O comportamento desse artrópode foi descrito em um artigo publicado na revista PLOS One, de autoria de Gustavo Requena, biólogo da Universidade de São Paulo.
Os opiliões não são animais conhecidos do grande público como os seus primos aranha, escorpião e ácaro, e na maioria das vezes são confundidos com pequenas aranhas.
Os opiliões são um dos 11 grupos de aracnídeos.
Observe bem a foto abaixo a morfologia externa de uma das espécies de opilião.
Existem mais de 6.300 espécies conhecidas. É um grupo diversificado, com espécies que vivem em áreas bastante restritas.
Segundo pesquisa o Iporangaia pustulosa foi encontrado em grande concentração em uma área de 5 por 200 metros, na Mata Atlântica do Sudeste Paulista, onde o biólogo Requena realizou suas pesquisas e concluiu: "Fora dessa área, a concentração de bichos fica pequena"
O Iporangaia pustulosa é robusto. Um adulto tem comprimento de
10 centímetros no total, com um corpo de cerca de 1,5 centímetros. Em sua morfologia externa os opiliões até que se parecem com as aranhas, tem o corpo pequeno em comparação com as longas pernas, entretanto guardam diferenças importantes: os opiliões não tem glândula de veneno, embora tenham glândulas que secretam substâncias que ajudam na sua proteção e reprodução. Ainda diferem das aranhas, que tem o corpo dividido em duas partes cefalotórax (prossoma) e abdômen (opistossoma), no caso do opilião o corpo funde essas duas porções em apenas uma. Observe mais uma vez o artrópode na foto acima. E ainda além de todas essas características, entre os invertebrados, os opiliões são caso raro de possuírem pênis.
Estratégia do macho
Existem dois motivos para que um opilião enfrente o perigo da floresta: procurar fêmeas ou buscar comida.
No caso da espécie Iporangaia pustulosa após a postura dos ovos, a fêmea vai em busca da própria sobrevivência, enquanto o macho faz o sacrifício de ficar semanas sem se alimentar, para proteger os ovos de predadores, que podem ser grilos, formigas, aranhas e até mesmo outros opiliões.
O biólogo Requena explica que o maior risco na floresta está nos deslocamentos, já que os principais predadores do opilião adulto são as aranhas que ficam paradas aguardando a presa cair na armadilha. O biólogo relatou que a espécie tem atividades diurnas e esperava que fosse predada por pássaros, todavia ficou provado que é um fato raro. O biólogo observou que na região haviam poucas formigas. Ou seja no ninho, o opilião fica sem comer, mas também evita virar comida de outro bicho.
Além de proteger contra ataques, cuidar dos ovos é uma estratégia de sedução entre os opiliões. Fêmeas interessadas em pôr os ovos e logo em seguida à postura, buscam parceiros que possam cuidar bem da prole. O opilião abandonado mantém então a "casa" em ordem na expectativa de atrair outras fêmeas. E a manobra funciona muito bem, eles podem se acasalar com várias fêmeas e podem ficar até 4 meses sem se alimentar.
Os ovos demoram cerca de 1 mês para eclodir, e os filhotes rapidamente desaparecem na floresta.
O biólogo Requena ainda resalta finalizando, que é difícil o macho passar mais de dois meses no mesmo ninho, eles ficam muito fracos, e é possível que em alguns casos abandonem os ovos para buscar comida.
Pesquisa e observação realizada pelo biólogo Gustavo Requena pela Universidade de São Paulo (USP)
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