A cladística é um método de análise das relações evolutivas entre grupos de seres vivos, de modo a obter a sua genealogia.*
Foi Willi Hennig, nascido em Dürrhennersdorf a 20 de abril de 1913, quem desenvolveu as idéias que levariam a criação da cladística, apresentando-as de forma sumária na sua obra "Grundzüge einer der Phylogenetischen Systematik" (1950).
Usada pelos investigadores a mais de 50 anos, somente nos últimos 20 anos, tornou-se popular e utilizada de forma quase universal. A cladística se assenta no princípio fundamental de que os organismos devem ser classificados de acordo com suas relações evolutivas e que a forma de descobrir essas relações é analisando aquilo que se designa como caracteres ancestrais "primitivos" e caracteres derivados "evolutivos".
Ela se diferencia das outras correntes de sistemática por usar apenas caracteres derivados apomórficos (apomorfia) que ocorrem em mais de um grupo, ou seja, estados primitivos de caracteres plesiomórficos (plesiomorfia) não podem ser usados para definir grupos, e caracteres derivados que ocorrem em um único grupo autopomórficos (autopomorfia) não entram na análise.
Uma das dificuldades é identificar qual é efetivamente o estado plesio e apomórfico de um caracter, e isso pode ser feito de duas formas principais: inferindo diretamente, por dados paleontológicos, sobre o estado primitivo, ou usando na análise um "grupo irmão externo" (outgroup), próximos aos grupos estudados entretanto ainda assim claramente distinto deles. A exemplo disso temos as Briófitas poderiam ser usadas como grupo externo em uma análise cladística de Pteridófitas, Gimnospermas e Angiospermas. Os caracteres ancestrais são as características dos seres vivos (plantas ou animais) que todos os elementos de um dado grupo possuem. Por exemplo, o caráter 4 membros é ancestral nos mamíferos, os quais herdaram este caráter do seu ancestral comum (possivelmente um protomamífero ou, alternativamente, um réptil semelhante a um mamífero).
No entanto, estes caracteres ancestrais não são úteis na análise das relações dos organismos de um determinado grupo já que, se tentar elaborar uma análise dos mamíferos, esse carácter não nos servirá de nada se procurarmos saber qual espécie se relaciona com qual. Para os biólogos que utilizam a cladística esses caracteres designam-se plesiomórficos (plesiomorfia) e quando esse carácter é partilhado por todos os membros do grupo a que pertencem, designam-se simplesiomórficos (simplesiomorfia). Quanto aos caracteres derivados "evoluidos"etc designam-se (apomorfia) e, se pertencem apenas ao grupo a ser estudado denominam-se autapomorfias. Por exemplo, o caráter obrigatório "bípede"(deslocação sobre dois membros) é uma característica dos hominídeos (homem), que não é partilhada com os demais primatas (macacos), tratando-se de uma autapomorfia. Se, por outro lado, o carácter derivado serve para unir dois grupos, designa-se como sinapomórfico (sinapomorfia) como é o caso do carácter "perda de cauda" que une o grupo do Homem com o grupo dos Grandes Macacos (gorila, orangotango e chipanzé).
Esta sinapomorfia distingue o homem e os grandes macacos do grupo parente mais próximo o dos macacos (macaco-aranha). Um grupo definido por um conjunto sinapomórfico (sinapomorfia), estados derivados de caracteres que ocorrem em todos os membros dos grupo é considerado monofilético, ou seja, inclui todos os descendentes de um ancestral comum. Já um grupo que pode ser definido apenas por um conjunto de características plesio e apomórficas é considerado parafilético, e inclui alguns, mas não todos os descendentes de um ancestral comum. Um exemplo disso são as Gimnospermas, que podem ser definidas pela presença de sementes e ausência de características de Angiospermas.
Finalmente, um grupo polifilético é aquele no qual diferentes membros descendem de um diferente ancestral.
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