terça-feira, 15 de outubro de 2013

ECOSSISTEMA DE COSTÃO ROCHOSO

COSTÃO ROCHOSO DO PARQUE ESTADUAL DA SERRA DA TIRIRICA
RIO DE JANEIRO
(Foto: Anderson Souza)

Costão Rochoso é o nome dado ao ambiente costeiro formado por rochas, situado na transição entre os meios terrestres e aquático. É considerado mais uma extensão do ambiente marinho do que o terrestre, uma vez que a maioria dos organismos que o habitam estão relacionados ao mar.
No Brasil as rochas tem origem vulcânica e são estruturadas de diversas maneiras. É um ambiente extremamente heterogênio: pode ser formado por padrões verticais bastante uniforme, que estendem-se muitos metros acima e abaixo da superfície da água (Ilha de Trindade, Espírito Santo - Brasil) ou por matações de rochas fragmentadas de pequena inclinação (Costa de Ubatuba, São Paulo - Brasil).
No Brasil pode-se encontrar costões rochosos por quase toda a costa. Seu limite de ocorrência ao *sul se dá em Torres no Rio grande do Sul e ao *norte na baía de São Marcos, no Maranhão, sendo que a maior concentração deste ambiente está na região Sudeste, onde a costa é bastante recortada.
A partir da observação da fisiografia da costa do Brasil, pode-se estabelecer uma relação entre a ocorrência de costões rochosos e a proximidade das serras em relação ao Oceano Atlântico. 
Tomando como exemplo o estado de São Paulo observa-se em locais onde a Serra do Mar se elevou próxima ao oceano, ocorre um predomínio de costões rochosos na interface da terra com o mar. Já em locais onde a Serra do Mar está muito distante da costa, ocorre o predomínio de manguezal e restinga.
Os costões são portanto na maioria das vezes, extensões das serras rochosas que atingem o fundo do mar.
                                                 
FOTO MOSTRA A EXTENSÃO DE SERRA ROCHOSA ATINGINDO O FUNDO DO MAR
EM ITAQUATIARA, RIO DE JANEIRO
(Foto: Anderson Souza)


O costão rochoso pode ser modelado por fatores:
  • Físicos
  • Químicos
  • Biológicos

Incluem-se nos aspectos físicos, a erosão por batimentos de ondas, ventos e chuvas é o principal deles. Entretanto a temperatura também possui papel importante na decomposição (intemperismo) das rochas a longo prazo através da expansão e contração dos minerais. 
Os fatores químicos envolvidos dependem do tipo de rocha que forma o costão, uma vez que os minerais reagem quimicamente com a água do mar (ferro) sendo que estas relações são reguladas principalmente pelos fatores climáticos.
O fator biológico, é caracterizado no desgaste das rochas que podem ser causados por organismos habitantes ou visitantes do costão rochoso como Equinodermos (ouriço-do-mar e estrelas-do-mar) Poríferos (esponjas) e Moluscos (craca, mexilhão, lesma-do-mar).
O ecossistema costão rochoso pode ser muito complexo, e normalmente quanto maior é a sua complexidade, maior a diversidade de organismos em um determinado ambiente.
                 

FATOR BIOLÓGICO
DESGASTE DA ROCHA POR ORGANISMOS
(Ouriço-do-mar, Mexilhão, Craca etc...)


EQUINODERMOS

ESTRELA-DO-MAR
(Foto: Anderson Souza)

OURIÇO-DO-MAR
(Foto: Anderson souza)

   
PORÍFEROS   
      
       
ESPONJA-DO-MAR
           
ESPONJA-DO-MAR
 
      
MOLUSCOS   
                  
LESMA-DO-MAR
(Foto: Anderson Souza)
MEXILHÃO
(Foto: Anderson Souza)


GEOLOGIA
                         
SERRA DO MAR


Costões rochosos são afloramentos de rochas cristalinas na linha do mar, sujeitos a ação das ondas, correntes e ventos, podendo apresentar diferentes configurações como:

  • Falésias
  • Matações
  • Costões verdadeiros

A origem geológica dos costões rochosos no Brasil, está intimamente ligado com a origem da nossa linha da costa. Considera-se atualmente que há 145 milhões de anos a África e a América do Sul formavam um só continente denominado Gondwana Observe:

                                                             


Separaram-se pela ação de um conduto vulcânico no manto denominado pluma, que é uma coluna de rocha quente, que se origina a grandes profundidades no manto, sob a superfície e causa extenso vulcanismo. Este material pode perfurar a crosta, e teve importante papel no processo de ruptura do supercontinente: Gondwana. As falhas ou falhamentos são ocorrências frequentes nas formações geológicas de origem vulcânica, como é o caso dos costões rochosos no litoral brasileiro.
No caso da falhas verticais, um ou mais blocos de rochas afundam ou se elevam formando degraus. Este processo é o que ocorreu para que formasse a feição geomorfológica da Serra do Mar.
A Serra do Mar é um dos maciços mais altos do Brasil e se estende como uma cadeia montanhosa proeminente no sentido SW/NE. A proximidade da estrutura cristalina da Serra do Mar com a linha de costa origina a feição dos costões rochosos na região sudeste do Brasil. Estes podem ser constituídos por *matações de diferentes tamanhos (costão fragmentado) ou por paredões contínuos, dependendo da susceptibilidade dos materiais que os formam em relação à ação do intemperismo (químico, físico ou biológico) que sofrem.

CARACTERÍSTICAS DO 
COSTÃO ROCHOSO

Há dois tipos de costões rochosos:
  • Costão Rochoso Exposto
  • Costão Rochoso Protegido


Costões mais expostos (batidos) são aqueles que recebem maior impacto de ondas, são pouco fragmentados, frequentemente apresentando-se na forma de paredões lisos. Por essa razão apresentam uma diversidade de habitats muito menor que os costões menos expostos às ondas.
Possuem taxa de produtividade primária bastante elevada, porque existe um grande fluxo de nutrientes entre as algas, que se utilizam dessa energia para o seu desenvolvimento. As algas de talos ramificados são favorecidas pela movimentação das águas que impede a superposição, que causará sombreamento nos talos inferiores. Esta movimentação impede ainda o intenso pastoreamento (realizado pelos herbívoros), possibilitando o desenvolvimento dos vegetais.
a desvantagem do elevado grau de hidrodinamismo é que o embate de ondas é um dos principais responsáveis pela mortalidade de organismos mais frágeis nos costões, daí a necessidade de desenvolver estruturas eficientes de proteção e fixação. Seletividade que muitas vezes resulta em um ambiente com menor diversidade de espécies presentes. Muitos dos habitantes apresentam morfologia (formato) hidrodinâmica e tamanho reduzido se comparado às mesmas espécies habitantes dos costões protegidos.
                     

COSTÃO ROCHOSO EXPOSTO  
PARQUE ESTADUAL DA SERRA DA TIRIRICA - RIO DE JANEIRO
(Foto: Anderson Souza)


Um costão rochoso protegido está localizado em regiões de baixo hidrodinamismo, ou seja, locais onde o embate de ondas é suave. É bastante fragmentado dificultando a formação de zonas muito definidas.
Apresenta alto nível de complexidade, resultando numa grande riqueza de espécies associadas.
Organismos maiores que os de costão exposto como algas com talos bem desenvolvidos e com abundante biota epífita (algas briozoárias, esponjas, vermes...) conseguem viver ali.
Se o baixo hidrodinamismo colabora com a fixação e estabelicimento de organismos, principalmente esporos e propágulos, a sua desvantagem está no baixo fluxo de nutrientes, que limitam principalmente o crescimento dos vegetais.

                                                   
COSTÃO ROCHOSO PROTEGIDO 
PARQUE ESTADUAL DA SERRA DA TIRIRICA - RIO DE JANEIRO
(Foto: Anderson Souza)



ZONAÇÃO

O costão rochoso é um importante substrato de fixação e locomoção para diversos organismos. Entretanto a sua ocupação não ocorre aleatoriamente, ou seja, os organismos se estabelecem ou se locomovem em faixas bastantes distintas, normalmente perpendiculares à superfície do mar.
Estas regiões ou (zonas) são formadas a partir das habilidades adaptativas dos organismos relacionados aos fatores abióticos (ambientais)  e aos fatores bióticos (diversos níveis de interações biológicas e processos de recrutamento de larvas e propágulos), a esta distribuição dá-se o nome de ZONAÇÃO.
Os padrões de zonação são estudados desde o século XIX por vários pesquisadores, que definiram o padrão de zonação a partir da definição dos níveis de maré, outros definiram um padrão de zonação universal, baseado principalmente na distribuição dos organismos, e mais tarde o pesquisador Lewis, considerando os níveis de maré e a distribuição dos organismos, incluiu o efeito das ondas na sua classificação. Entretanto independentemente da metodologia adotada, definiu-se de modo geral, três principais zonas de distribuição:
  1. Supra Litoral
  2. Meso Litoral
  3. Infra Litoral
Agora observe bem o esquema abaixo:
                                  

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